Nas horas que passo só no meu recanto,
Caem-me em cima como chuva os mais diversos pensamentos, realistas e até coisas que até eu me espanto.
Vagueio pela cidade, desço a rua até ao fundo e tento desanuviar-me dos pensamentos e apenas respirar e observar.
Distraio-me com as montras, riu-me com as crianças, umas acompanhadas pelos pais e todas janotas, outras que se sentam nas escadas a jogar às cartas, de cara suja, roupa rasgada e de cigarro na boca. É estranho, mas estas têm o sorriso estampado na cara.
Vejo as pessoas todas diferentes umas das outras, o que adoro, mas porque agem quase todas da mesma maneira?!
Umas que gritam sabe-se lá porquê e outras andam em linha recta e não tiram os olhos do chão...estranho!
Faço uma breve paragem neste meu percurso e sento-me num café. Peço algo para beber e o jornal para ler.
Num desvio de olhar, deparo-me com um senhor de idade, alto e de barbas brancas, sentado mesmo ao meu lado.
Tinha consigo um livro interessantíssimo e no canto da boca um belo cachimbo. Através das suas rugas, que mais se parecem labirintos perfurados na cara, quase que consigo ler a sua história, o que fez e o muito que já passou. Mas não importa. É simplesmente um homem de bom porte que me pede muito gentilmente pelo jornal, e eu muito timidamente lho dou com um sorriso.
Levanto-me, pago o café e continuo a divagar pela cidade.
Olho para o relógio, está na hora dos encontros e lá vou eu.
(texto e photo de Natalie)